OS JUIZES do GOSTO.
A tirania do gosto sempre encontra um júri favorável e uma enxurrada de argumentos que reforçam suas proprias normativas, cânones e paradigmas estéticos lisonjeiros favoráveis. Nada contra o sagrado direito de escolhas, de liberdade de gostar ou não gostar. Porém o problema começa quando um indivíduo, um grupo ou estética imponderável se arvoram em juiz onisciente, em onipotente, em onipresente e em eterno do gosto. ou estética a ser perigoso, O problema começa a tomar vulto - e atentar contra uma civilização - quando este indivíduo, este grupo ou estética imponderável, julgam terem descoberto um campo estético vago a ser colonizado. Em nome desta pseudo descoberta começam a patrulhá-lo, cerca-lo e se apropriar dele como dono legítimo, único e perpétuo. que julga e passível de imponderável.
As guerras mais cruéis, decisivas e globais são disparados pelo gatilho da sentença fatal “não gostei dele”. Este juízo desencadeia forças políticas, econômicas, simbólicas em série que tendem a se constituir em mito, ideologia ou até uma religião.
Os grandes artistas produzem as suas obras guiados pelo que eles próprios são em si mesmos e as suas circunstâncias. Não impõem, nem para si mesmos, normativas, cânones e paradigmas estéticos provenientes do que eles descobriram no dia anterior.
Carlos Oswald (1882-1971), mestre de Ado Malagoli e de Fayga Ostrower (1920-2001), traduziu a teleologia que anima o artista e alimenta a sua autonomia m relação à si mesmo. “Consolo-me com a seguinte frase de Degas: ‘Hereusement que moi, je n’ai pas trouvé ma manière; ce que m’embêterais !’. É isso mesmo: eu não tenho maneira, eu vou fazendo o que quero, sempre mudando e isso me interessa. Tanto os acadêmicos como os modernistas veem a arte em si e a consideram como fim em si mesma. A arte deve ter um “fim”, além de sua técnica e se o “fim” for superior, isto é social ou religioso, então estas palavras: maneira, técnica, impressionismo, academicismo, cubismo, etc., desaparecem. Só fica a “ideia”, o apagamento da alma que sente não vê os meios que a fazem sentir” .(in Monteiro, 2000 p. 191).
MONTEIRO, Maria Isabel Oswald. Carlos Oswald (1882-1971): pintor da luz e dos reflexos. Rio de Janeiro: Casa Jorge, 2000. 229 p..
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