FALAR SOBRE...
Uma cultura dominadora revela-se no seu modo de selecionar o que lhe interessa, se trai na sua fala que revela juízos definitivos, únicos e lineares. Nestas falas - as mais triviais até as mais elevadas - o OUTRO é transformado em OBJETO de JUIZOS. As questões éticas tornam-se explicitas na REIFICAÇÃO de QUEM SE FALA. Reificação que Rinesi comentou (2001, pp.87/8) quando “ usamos essa expressão – pensar sobre, falar sobre, discutir sobre – sem perceber o conjunto de pressupostos que ela acarreta, pressupostos herdeiros, em última instância, da velha vocação pan-óptica do positivismo científico do século XIX, que imaginou um sujeito situado precisamente sobre, por cima, do conjunto disperso dos objetos do mundo, e sobre os quais podia ter, por isso mesmo, o olhar “objetivo”, limpo, desinteressado e puro de um observador externo, neutro, e sobretudo – insisto – superior. Podia-se pensar sobre o mundo porque este fora posto sob o nosso domínio. Mas se os pressupostos políticos dessa inquietadora figura da hierarquia e da subordinação são evidentes demais para ser novamente salientados, os pressupostos epistemológicos da vocação objetivadora que sustenta o uso dessa figura não são menos graves. Quando dizemos que vamos falar, discutir ou pensar sobre tal ou qual coisa, supomos que essa coisa tem com respeito a nós uma exterioridade radical, que o “objeto” do nosso estudo este perfeita e nitidamente cindido em – e confrontado a – nós, sujeitos”
A indústria da transformação do OUTRO em OBJETO revela-se nos DISCURSOS SOBRE...nos PRÊMIO em CIMA de... Os DISCURSOS SOBRE constituem-se em DISCURSOS SOBERANOS. Neles o ENTE HUMANO é alimentado, é moldado no seu modo de SER no qual expressa uma cultura dominadora.
Poder Originário
Travessa PEDRO AMÈRICO nº 28 ap.11SEM TELEFONE